Tenho uma memória consideravelmente falhada, mas lembro com riqueza de detalhes dos prazeres e desprazeres de festas de fim-de-ano. Sempre as associei com clima tropical, frutas da estação, hipocrisia cristã, pessoas próximas e queridas e, principalmente, com o aconchego do lar. É estranho como a noção de lar se amplia quando estamos em outro continente. Lar agora é Brasil. É América Latina. É Oceano Atlântico.
Hoje é dia 31 de dezembro e eu não estou com calor. No meu entorno, pessoas dormem, fumam, desayunan, baixam videos do youtube, fotografam, saem, voltam, riem. Pessoas próximas, mas distantes. Pessoas queridas, mas desconhecidas.
Olho pela sacada e vejo centenas de turistas. A cidade está tomada. Todos em busca do novo. Congelando instantes em aparatos tecnológicos de 50 euros. Consumindo. Presumindo. Reproduzindo. Ya está. Buena onda. Hasta ahora. Adiós.
Começo a entender um pouco melhor os catalanes. Como se não bastasse o fato de invadir a tua cidade, essa gente nem ao menos fala a tua língua! Joder! No somos españoles, somos catalanes, vale?
É... nem só de flores é feita uma Barcelona. É feita também de xenofobia, de um consumismo exacerbado, de uma pobreza crescente - ainda que incoparável com a nossa -, de uma sensação de desplazamiento. De uma saudade que corta, mas que também alimenta. Alimenta uma força interior. Uma força que a gente só descobre que tem quando precisa dela.
Hoje é dia 31 de dezembro e eu não estou com calor. No meu entorno, pessoas dormem, fumam, desayunan, baixam videos do youtube, fotografam, saem, voltam, riem. Pessoas próximas, mas distantes. Pessoas queridas, mas desconhecidas.
Olho pela sacada e vejo centenas de turistas. A cidade está tomada. Todos em busca do novo. Congelando instantes em aparatos tecnológicos de 50 euros. Consumindo. Presumindo. Reproduzindo. Ya está. Buena onda. Hasta ahora. Adiós.
Começo a entender um pouco melhor os catalanes. Como se não bastasse o fato de invadir a tua cidade, essa gente nem ao menos fala a tua língua! Joder! No somos españoles, somos catalanes, vale?
É... nem só de flores é feita uma Barcelona. É feita também de xenofobia, de um consumismo exacerbado, de uma pobreza crescente - ainda que incoparável com a nossa -, de uma sensação de desplazamiento. De uma saudade que corta, mas que também alimenta. Alimenta uma força interior. Uma força que a gente só descobre que tem quando precisa dela.