domingo, 25 de dezembro de 2011

Coisas que tenho para te dizer

I

Eu queria te dizer que o céu não tem mais cor no verão
E que os peixes morrem pelo excesso de ar
E que os desenhos fantásticos do quarto ao lado me fascinam
E o couro dos cabelos vizinhos voam copiosamente

Eu queria te dizer que a pasta de dente ameniza o gosto das secreções da noite
E que os cachorros latem sozinhos
E as pulgas me perseguem
E os mosquitos me perseguem
E os meus dedos estão magros
E eu não tenho mais forças pra te seguir

Eu queria te dizer que eu tenho uma porção de coisas importantes para te dizer
E queria que tu parasse no tempo só para me escutar
E queria ter chorado no velório do meu amigo
E queria o teu peito pra me velar
E os teus pés pra me cobrir

Eu queria te dizer que sou pedra-pluma incansável
Feita de matéria solvente e amorfa
Cheia de flores e frestas
Condensada em pudins colorados

Eu queria te dizer que nunca poderei dizer o que realmente importa
Mas que isso não tem tanta importância
Pois o verde que sai de ti me veste
E o laranja da janela chama
E eu preciso de muito tempo pra surgir

Eu queria te dizer que eu tenho uma densa bola de sangue entre o esôfago e a garganta
E que os meus dias estão escassos
E a minha pele está marcada
E eu não tenho pernas pra ti pedir

Eu queria te dizer que a palavra virou parede
E o assoalho não mais palpita
E eu tenho muita pressa pra partir

Eu queria te dizer que parti só e em pedaços
E que o meu retorno foi penoso
E minha estadia foi penosa
Mas que voltei só por ti

Eu queria te dizer que o meu desejo paira solto
E que as bolhas de sabão me trazem uma alegria fácil

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Exercício Wiszawa Szymborska

Prefiro Aranhas a cobras
Prefiro Bondade à compostura
Prefiro Cortes de cabelos curtos
Prefiro Doces de figo a doces de abóbora
Prefiro Entrar no mar à noite
Prefiro Folhas de almaço
Prefiro Gordas Patas Felinas
que sempre roufenham quando mais preciso
Prefiro Hélices cortantes e rosadas
Prefíro Índices no início a índices póstumos
Prefiro Japonas coloridas
Prefiro Louças pintadas à mão
Prefiro Montanhas cheias de verde
a montanhas cheias de gente
Prefiro Narizes grandes e pontudos
Prefiro Ostras no fundo mar
Prefiro Pontas de canetas deslizantes
Prefiro Quiabo só porque ninguém prefere
Prefiro Rasantes na terra molhada 
a vôos lentos e perdidos
Prefiro Soro caseiro
a remédios com gigantescas e incompreensíveis bulas
Prefiro Tesouras muito afiadas
Prefiro Uvas dedo-de-dama recém saídas da sacola do supermercado
Prefiro Xuxas e Angélicas longe da minha tela
Prefiro Zanzar sozinha pelos meus pensamentos
à exprimir-te toda a minha loucura. 

domingo, 27 de novembro de 2011

Novo Efeito Kosmopolis

Eu tenho uma puta vontade de comer
Uma puta vontade de comer tudo que eu vejo e escuto
Uma puta vontade de estar em tudo que eu vejo e escuto
Uma puta
Transformar-me em uma puta
Uma puta ideia vencida
Coberta e sorvida
Cortada-etéril-precisa

Uma lima
Amarela na América
Verde na Europa
Inexistente em Abril
Em Hebreu
Contagiosa e azeda
Como duras patas de penas mortas
Como o azul apagado do teu silêncio

A lima puta
Mercadante e periférica
Compaginada em tantos rascunhos
Convencida de tantas derrotas
Imposta
À mostra

domingo, 30 de outubro de 2011

Eu, o outro e tudo que há pelo caminho

Começo este ensaio refletindo sobre o quanto de nós mesmos é jogado em cena quando assistimos um espetáculo. O quanto de nós age no outro e volta pra gente de uma maneira ímpar, particular. Na verdade, essa máxima funciona para todas as formas de arte e vida às quais entramos em contato, pois cada um de nós tem uma maneira específica de se relacionar com a realidade que vê e cria. Uma experiência nunca é igual à outra. Um ser nunca é igual ao outro, ainda que o outro seja muito parecido tantas vezes.
Assim que escutei as primeiras explicações-complicações de Joker, lembro de ter vagado fluidamente por minhas descobertas recentes sobre mim. Estive longe de casa por um tempo e encontrei nessa experiência uma grande oportunidade de me conhecer melhor. Precisei estar tão longe para chegar tão perto, assim como Joker precisou de tantas máscaras para chegar nas profundezas de si mesmo.
Ao deparar-me com a exposição escancarada do ser que se retrava e se recriava na minha frente, acessei meus estudos sobre liberdade feminina que, no meu caso, coincidiu com o meu centramento-poético-antropológico-interior. A liberdade e coragem de Joker se encontrava em algum ponto com a minha busca por liberdade e meu desejo de encontrá-la em outros corpos e paisagens. A cara-de-pau de Joker era vida pura e incessante. Deslizava por vezes poética, por vezes forçosamente literal. Por vezes pedra, por vezes pluma.
A obra de Alessandro Rivelino me causou prazer e desconforto constantes, não só durante as duas horas de espetáculo, mas também nas horas que se seguiram. Pedro, Rodrigo e eu saimos comentando o espetáculo e nossos pensamentos sobre ele nos levaram a ondas de pensamento cada vez mais complexas e profundas, ou talvez cada vez mais simples em suas essências, mas complexas pelo excesso ou falta de alteridade. Dizer que seres humanos são complexos é o mesmo que dizer que seres humanos são simples, pois somos tudo isso, o que varia é o ponto de onde se olha, e também porque se olha.
Em alguns momentos temi que a dose de inovação e improviso de Joker fosse cair em uma banalidade de forma, resumindo-se em um querer romper com a estrutura que se espera de um espetáculo. Mas Alessandro foi muito feliz no seu mesclar de ficção e realidade, ultrapassando um simples romper de forma e criando algo novo, único e singular. Algo que retrata sua própria singularidade e com isso nos faz mergulhar na nossa. Algo livre e honesto. Algo bonito.
Porto Alegre precisa mais de projetos como Joker. O mundo precisa mais de meios que nos ofereçam a possibilidade de um encontrar-se a si mesmo, e não de um simples identificar-se com o já visto, o já sentido, o já pensado, o já falado. A alteridade, como a capacidade de ser o outro, é fundamental para o nosso viver em relação, mas a interioridade, como a capacidade de olhar para si e ver-se, é fundamental para o nosso desenvolvimento pessoal e contentamento interior. Não sei exatamente o que é a felicidade, mas acredito que ela esteja muito próxima do que pra mim significa a liberdade: um viver seguindo os próprios desejos e paixões, sempre tendo a si mesmo como parâmetro e não o outro. Viver partindo de si e se expondo muitas vezes, se assim for necessário, pois afinal “se você quer mudar o mundo, mexa primeiro no seu interior”[1].


[1] Frase de Dalai Lama


sábado, 22 de outubro de 2011

Tanto mar sobrevém mas me dói aceitá-lo
Inverti um porém
Me perdi
Em pedaços

Calor mel sempre vem
Quando o pó ultrapasso
E o céu
corre bem devagar
Ou descalço

Que pensar quero ter em teu nó
Desgarrado
Frenesi de viver
Trago vil
Ou rechaço

domingo, 9 de outubro de 2011

Fusão revisitada

Torcida pelo redemoinho das pernas dele, ela via o fundo
Vermelho e branco
Novo
Corrente de mares imperfeitos
Vastos corredores
Lua escondida pelas frestas do presente
Amálgama

Tenho-te aqui
Entre meus fios e fins
Dentro do que não conheço em mim

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

No mar estou livre

A ponte está presa no alto da torre
Tesouros repetem-se
No verso e no espelho

Um sapato amarrado e estourado de couro
Cancela o projeto
E me pede denovo

Os elos não se fecham
AS cores não ultrapassam
O caminho estabelece
Em um passeio de mouros

Contive uma ideia
E a entreguei ao repouso
O casaco de pele
Não mais ficou solto

A certeza é o aberto
Onde o acaso é jeitoso

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Uma única pergunta

Porque as portas não me abrem
Porque os dedos não me pedem
Porque o vento é o que trago
E o que trago não me leva

Porque o pedido ainda é seco
Porque o não-dito ainda pesa
Porque eu prefiro a dor do sempre
Porque eu não firo o que nos rega

Porque a saída é corrente
E a vertigem
Primavera

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Convertendo (In Process)

Porque o medo da verdade me corrói os ossos e a alma
Porque o vazio de saber é infinito
Porque a beleza de sofrer também é infinita e poética
Porque o peito é o lócus da chama
Porque a chama é o sentido por mim
Porque o sentido por mim é mais surgido que dotado
Porque tudo que eu mais quero é esse teu sono quente
Porque o marrom-claro desse teu sono quente é primavera no meu ventre frio

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Conversión

Porque mis tacones no me sostienen
Porque no sé vivir de verdades
Porque perdí mi sentido de perder
Porque no puedo más ser yo
Porque el pasado me persigue y me limita
Porque vos es vos y yo soy nosotros
Porque todo lo que soy es mucho más de lo que soporto ser
Porque mi amor no me pertenece
Porque los versos no me colman
Porque no siempre quiero más
Porque siempre quiero un no más verde y vacío
Porque lo que pasó no pasó aún
Porque la vida es lo que hacemos y no lo que pensamos que vamos a hacer
Porque tengo un valor en mí
Porque deseo aceptar mi imperfecto
Porque deseo aceptar tu imperfecto
Porque hace falta despedirse
Porque hace falta aprender a morir a cada día
Porque hace falta estar distraída a veces
Porque tengo muchas ganas de vos
Porque soy tuya sin dejar de ser mía
Porque mi miedo no es más grande que mí deseo


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Recuerdos

La realidad se encuentra en exacta medida a que satisfaccha nuestro pensamiento.

Paco Gómez

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Castanhos, Verdes e Azuis


O café acabara de pousar sobre a mesa de mármore envelhecido. Mesas de mármore habitam cafés de estações de trem em Alina. Porque Alina é assim: propensa a rochas de origem vulcânica. Perdida em um emaranhado de fogos que esquentam, mas nunca queimam, nunca gritam, nunca se exaltam.
Alina é uma cidade contida. Muitas coisas continham Alina. Muitas coisas que me impediam de seguir ali.
Antes do primeiro gole de café, vi passar ao meu lado uma maleta vermelha. Ao subir os olhos, deparei-me com um rosto azul. Um azul que eu não entendi. Um azul que me chamou e me invadiu. Um azul que não era de amor, não era de desejo, não era de interesse. Não era de nada que se costuma ser um primeiro azul.
A maleta vermelha passou e o rosto sentou-se a alguns metros de mim. Uma moça de cabelos compridos e castanhos o esperava em outra mesa de mármore. O castanho da moça insipirava um vazio de ondas vindas do norte. O azul do rapaz era vento em pedra maciça. O som do fundo espraiava-se em contínuos roncos opacos.
O azul seguia fitando-me e a minha angustia seguia crescendo na medida em que crescia a minha compreensão do que ali se passava. O rosto azul era de socorro e me olhava como se tivesse encontrado uma cúmplice.
 Naquele momento, eu soube. Eles já haviam tentado de tudo. Longas conversas, breves separações, incansáveis tentativas de consertar o desconcertável.  Eu sabia disso. Eles estavam presos. Os seus amores – que um dia foram um – encontravam-se encerrados no peito. Incomunicáveis. Impedidos de retornar ao ponto de partida.
Eu, vulnerável e secreta,  facilmente absorvida por ares gélidos vindos de castanhos e azuis, tentei descolar-me, mas o rosto azul me havia encarcerado junto com ele, como se ali coubesse uma terceira alma dolorida. Como se o verde combinasse com o azul. Como se eu fizesse parte de uma história que eu desconhecia.
O entrelaçar vazio do verde com o azul não fazia sentido pra mim. Eu não queria aceitar um azul que se havia imposto de maneira tão desesperada. Eu sabia que o meu verde vinha da dor. Eu sabia que sensíveis rostos azuis captariam de que matéria eu era feita, mas eu não buscava um azul. Porque o meu verde combina com o granito amarelo, com o bálsamo violeta, com o vermelho pálido. Eu combino com o novo vestido de velho. Com bocas losangulares e maravilhosamente imperfeitas.
Então, em um gesto corajoso e pueril, impus meu verde, rompendo toda e qualquer conexão com o azul.  Minha conexão com Alina também ali foi deixada, ou talvez expressamente plantada, pois não sei se até este dia havia estabelecido algum vínculo com Alina. 
O trem sairia em alguns minutos. Coloridos externos em mesas de mármore ficariam. Azuis e castanhos em seus mundos morreriam. Meus verdes em pedaços assim me diziam.   





segunda-feira, 4 de julho de 2011

Libertad Femenina y Práctica Política

(...) Yo no deseo emanciparme de mi ser mujer. Mi libertad femenina ha venido del acoger mi propio ser mujer y no emanciparme de ello. Ha venido de la tomada de consciencia que la libertad femenina es practicar la diferencia y no ocultarla. Encontrar un sentido para mi ser mujer y no a pesar de mi ser mujer. Los hombres no hablan a pesar de su ser hombre, ¿por qué nosotras deberíamos hacerlo? ¿Por qué nosotras debemos encajarnos en el modelo masculino? ¿Por qué debemos seguir mirándonos en el espejo del hombre y ver una imagen deformada? ¿Por qué no podemos pensar, hablar, accionar, vivir como mujeres, con todas las paradojas y coincidencias que suponen nuestro ser mujer? (...)

(...) Mi libertad femenina es practicar la política del simbólico, es libertarme de la mirada neutra. Mi libertad femenina es poder ser todo: madre, hija, novia, escritora, antropóloga, profesora, amiga, esposa, mujer. Pero ser todo esto respectando mis ciclos y mis tiempos. Respectando mi deseo de dar y recibir amor, así como mi deseo de producir conocimiento e intercambiar ideas, pensamientos, experiencias. Mi libertad femenina es revolution and love[1].



[1] Referencia a la performance de la artista afrojamaicana D’bi.young Anitafrika en KOSMOPOLIS 11 – La Fiesta de la Literatura Amplificada, CCCB, Barcelona, 2011.


Fragmento del artigo homónimo, todavía inédito.

sábado, 2 de julho de 2011

Hoje eu descobri um poeta.

Eu nao preciso de verdades para viver. Eu preciso só de mentiras. Mentiras essenciais. Ilusões, muitas ilusões...
Waly Salomão

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Para mí, materialista y atea, libertad es el único nombre que me da la emoción de lo infinito, como el mar y el desierto.

Lia Cigarini

domingo, 12 de junho de 2011

Um velho ar que se faz novo

Voltei. Ainda não sei exatamente o que isso significa. Ainda não sei exatamente o quanto isso me modifica. Eu ainda não sei o peso e o prazer de tudo isso.

A compreensão de um retorno pode acontecer de muitas formas. Elas podem ser contraditórias e confluentes ao mesmo tempo e isso não quer dizer mais ou menos desejo de voltar. Elas podem vir de fora pra dentro. Elas podem não querer sair de dentro. Elas podem não ser também.

Faz pouco tempo descobri que eu não sei fugir. Não sei fugir das minhas próprias escolhas e das escolhas alheias nas quais estou implicada. Nunca aceitei tanto o meu presente como agora. E uma nova concepção do agora surge em mim também. Eu tinha uma estranha fixação por um agora unicamente feito de presente. Feito de corrente de mão única. De êxtase obrigatório. De felicidade inventada e não reinventada.

Mas um presente também pode acontecer de muitas formas. Pode correr de muitas frestas. De muitas voltas. De muita espera pouco-profícua. E a minha forma de acontecer presente é perceber passado-nuvem-quente. É compreender passado-pedra-musgo-que-escorrega. É viver um dia que só é dia porcausa das noites e das tardes. Eu adoro as tardes. As minhas melhores lembranças foram tecidas em tardes e às vezes era muito tarde para tecer uma nova tarde, mas eu não estava satisfeita e seguia querendo tardes que nunca chegariam e nunca chegarão, porque com uma certa frequencia a realidade é bastante diferente da imaginação, da idealização. Eu sei que é senso-comum dizer – e ainda mais escrever! – que realidade e idealização não coincidem, mas como ocultar esse cliché tão fundamental? Como sublimar o óbvio? O escancarado desejo de um prazer comum.

Eu perdi o que eu estava escrevendo, e isso fez com que eu me perdesse de mim mesma por alguns minutos, mas daí eu pensei: eu sou realidade reinventada! Reinventada da minha própria matéria e de tudo mais que eu tomo pra mim. Eu não tenho medo de repetir palavras. De desejar o óbvio. De deixar que as coisas aconteçam em mim.

Eu voltei e não me revoltei, ainda que eu tivesse muito medo disso. Um medo de presente requentado. De comida que perde o sabor porque mofa na geladeira. Não. A comida não perde o sabor. Ela se transforma, como quase tudo que eu conheço. A gente nunca repete as experiências. Elas nunca tem e nunca terão o mesmo gosto. Os textos nunca tem os mesmos erros. A língua muda. A dor muda. E até o amor muda.

Voltar para casa é quase sempre viver um paradoxo, mas como diria Maria Zambrano: Yo creo más en las paradojas de la vida que en las antinomias del pensamiento.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Para una política del simbólico

Hoy me di cuenta de algo muy importante. Algo sencillo y obvio, pero revelador. Nosotros, dichos animales racionales, a los cuales prefiero llamar animales simbólicos[1], estamos más implicados en nuestra relación con el no-humano (y creado por nosotros mismos), que en nuestra relación con el cuerpo humano. Reconocemos más autoridad a las máquinas y al tiempo dictado por los relojes y calendarios, que a los nuestros ciclos internos, aunque estos estén físicamente más cercanos. Aunque estén dentro de nosotros. Aunque nuestra pulsación – tan ritmada y cíclica y por esto tan poética – pueda ser percibida a cada respiración. A cada acción y inacción. A cada suspiro. A cada deseo que brota de nuestro ser.

El interior sabe. El cuerpo siempre sabe.

Pero se todo esto es verdad ¿porque muchas veces nosotros no sabemos?

Nos quisieron hacer creer que tenemos un cuerpo y que él está separado de una supuesta alma, que está separada de la mente. Nos quisieron hacer creer que el corazón se opone a razón. Que la naturaleza se opone a cultura. Que el amor no coincide con el deseo.

Nos dijeron que hay un bien y un mal. Un cielo y un infierno. Un sagrado y un profano. Un camino cierto y otro errado. Una vida y una muerte y que las mismas no coinciden.

Colmaron nuestras cabezas de antinomias. Podaron nuestras ramas. Nos dijeron que deberíamos eligir: amor o trabajo, homo o hetero, publico o privado, blanco o pardo, luna o sol, azul o rojo.

Nos dijeron que el mundo es complejo. Y que la mediación universal masculina es necesaria. Que el hombre es malo por naturaleza. Que el hombre es bueno por naturaleza. ¡Que las mujeres están incluidas en la categoría hombres! O sea, que hay un pretenso neutro universal y lo mismo es masculino.

No nos hablaron de infinitas posibilidades. De acaso continuo. De unidad macrocósmica. De un cuerpo que es y, por esto, comprende. De do sexos singulares y dispares, pero no opuestos y nunca sobrepuestos. Nos ocultaron la historia de las mujeres. El miedo de los hombres. El tiempo de los ciclos. Nuestra conexión con todo que siente y vive.

Nos hicieron creer que hay que buscar un sentido para la vida – ¡como se vivir ya no fuera el sentido!!! Nos invitaron a sobrepasar la razón. A no escuchar la intuición. A adaptarse a la tecnología. A ignorar los límites del cuerpo. A pensar antes de sentir y, si hay duda, no reaccionar. Si hay duda, no sugerir. Si hay duda, callar.

Pero el mundo está cambiando. Vivimos un momento de grandes y profundos cambios. El patriarcado ha llegado a su fin y un nuevo orden surge. Un orden capaz de descalabrar la lógica binaria. De derrumbar el patriarcado. De enseñar que hay dos sujetos de conocimiento – hombre y mujer – y no uno que engloba el otro. Un orden donde se respecte las diferencias y la riqueza de cada ser.

Las señales que enseñan estos cambios son evidentes. Desde el colapso de las grandes economías mundiales, pasando por las tragedias y degradaciones ambientales, hasta la llegada de fuertes movimientos activistas, pacifistas, feministas.

Algo está pasando. Una nueva política está surgiendo. Una política del simbólico, pues, quizás, hacer simbólico, en cuanto crear y recrear sentido en la alteridad, es lo mejor que podemos aportar al mundo, buscando y creando mediaciones. Quizás sea este el único, simple y, a la vez, grande sentido de la vida.



[1] Como nos ha enseñado la gran Maestra Milagros-Rivera.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Para uma política do simbólico

Hoje dei-me conta de algo importante. Algo simples e óbvio, mas nem por isso menos revelador. Nós, ditos animais racionais, aos quais prefiro definir como animais simbólicos, estamos mais implicados em nossa relaçao com o não-humano (e criado por nós mesmos), que em nossa relaçao com o corpo humano. Reconhecemos mais autoridade às máquinas e ao tempo ditado pelos relógios e calendários, que aos nossos ciclos internos, ainda que estes estejam fisicamente mais próximos de nós. Ainda que estejam dentro de nós. Ainda que a nossa pulsaçao – tao ritmada e cíclica, e por isso tao poética – seja passível de ser percebida a cada respiraçao. A cada açao e inaçao. A cada suspiro. A cada desejo que brota da gente.

O nosso interior sempre sabe. O nosso corpo sabe.

Mas se tudo isso é verdade, por que será que tantas vezes nós não sabemos?

Quiseram nos fazer acreditar que temos um corpo e que ele está separado de uma suposta alma, que por sua vez está separada da mente. Quiseram nos fazer crer que o coraçao se opoe à razao. Que a natureza se opoe à cultura. Que o amor não coincide com o desejo.

Nos disseram que há um bem e um mal. Um céu e um inferno. Um sagrado e um profano. Um caminho certo e outro errado. Uma vida e uma morte e que estas não coincidem.

Encheram as nossas cabeças de oposiçoes binárias. Cortaram nossas arestas. Nos disseram que deveríamos escolher: amor ou trabalho, homo ou hetero, branco ou pardo, lua ou sol, azul ou vermelho.

Nos disseram que o mundo é complexo. E que a mediaçao universal masculina é necessária. Que o homem é mal por natureza. Que o homem é bom por natureza. Que as mulheres estao incluída na categoria homens. Enfim, que há um pretenso neutro universal, e que este neutro é masculino.

Não nos falaram de infinitas possibilidades. De acaso contínuo. De unidade macrocósmica. De um corpo que é e, por isso, compreende. De dois sexos singulares e díspares, mas nunca opostos e nunca sobrepostos. Nos ocultaram a história das mulheres. O medo dos homens. O tempo dos ciclos. A nossa conexao com tudo e todos que sentem.

Nos fizeram acreditar que há que buscar um sentido para a vida – como se viver já não fosse o sentido!!! Nos convidaram a extrapolar a razao. A não escutar a intuiçao. A adaptar-se à tecnologia. A ignorar os limites do corpo. A pensar antes de sentir e, na dúvida, não reagir. Na dúvida, não sugerir. Na dúvida, calar.

Mas o mundo está mudando. Estamos vivendo um momento de grandes e profundas transformaçoes. O patriarcado chegou ao fim e uma nova ordem surge. Uma nova ordem onde há dois sujeitos de conhecimento – homem e mulher (independente das opçoes sexuais) – e não um que engloba o outro. Uma ordem onde se respeite as particularidades e a riqueza de cada ser.

Não faltam sinais que evidenciem essas mudanças. Desde o colapso das grandes economias mundiais, passando pelas catástofres e degradaçoes ambientais até a chegada de fortes movimentos ativistas, pacifistas, feministas.

Algo está passando. Uma nova política está surgindo. Uma política do simbólico, pois, afinal, somos seres simbólicos e talvez fazer simbólico, enquanto criar e recriar sentido na alteridade (nossa relaçao com nós mesmos, com os outros e com o mundo), seja o único, simples e ao mesmo tempo grande sentido da vida.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Pesadelo de primavera - parte 2

Em um exercício de esforço descomunal, consegui, lentamente, ir levantando os olhos do prato ao lado. Eu ansiava por saber a identidade do predador deste animal tão assustador, mas o meu estado de parilisia era tamanho que só pude chegar às suas mãos. Eram mãos brancas e delicadas. Mãos de quem nunca havia lavado uma louça, que dirá caçar e matar um frango falante.

Quando estava a ponto de aceitar a minha solidao – e insanidade – neste caso aparentemente insolúvel, pois o dono ou dona das maos que nunca haviam lavado uma louça certamente não eram responsáveis pelo ocorrido, percebi algo estranho na disposiçao dos alimentos do prato ao lado. O garfo e a faca, guiado pelas maos – ou não, pois se a comida fala não me admiraria descubrir que os talheres se movem sozinhos também – não tocavam o frango. Ao invés disso, no contato com o molho da salada, formavam um curioso desenho. Eu, na minha aguda ignorancia artística tinha dúvidas sobre que desenho era esse, mas tudo indicava que tratava-se de uma mandala.

Pesadelo de primavera - parte 1

As tentativas de nao olhar para o prato ao lado eram inúteis. Ele se impunha a mim. Gritava-me aos olhos. Devorava-me, fazendo o inverso do que dele se esperava. Eu não mais te escutava, ainda que me interessasse muito o que me dizias. Tuas aulas de ballet clássico em tempos de posmodernidade pareciam-me demasiado inovadoras e me encantava a maneira como não te davas conta disso. Eras encantadoramente torpe. Com teus óculos de sol verde-mar e tuas sapatilhas listradas.

O frango fala comigo, meu amor, tinha vontade de dizer, mas não podia. Tu, com tua habitual ingenuidade posadolescente, não me compreenderias. Eu estava só. E ligeiramente desesperado, pois não gostava de frangos. Ainda mais assim, no prato alheio. Parecia uma afronta. Um verdadeiro pesadelo de primavera.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Salve Jorge

O dia em que te conheci por dentro vestia verde, amarelo e vermelho.
Era um dia de espadas
Flores pardas
Plumas de cera
E gotas de carvalho aceso

O balançar do teu corpo era onda vinda do norte
O desejo do meu era vento e pedra maciça
O som do fundo era novela das oito
Poesia marcada no pé e na linha
Sorrisos e acenos

Quando te vi muito perto
Dei um grito escondido
Que só eu escutei
Que só do meu coraçao saiu

Eu quis encontrar tua língua
Eu quis chegar no teu peito
Eu te quis muito no tempo
E tu me coloriste por dentro

Já era dia 23
Noite de santo guerreiro
Não tenho mais medo de nada
Encontrei meu amor verdadeiro.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Yo creo más en las paradojas de la vida que en las antinomias del pensamiento.

Maria Zambrano

sábado, 23 de abril de 2011

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Un puerto en mí

La poética de tu lengua conduce a los más cubiertos deseos de mi puerto. El sentido cambiante de tu retrato rehace las líneas de plata y púrpura que llevo en mí. El esperado sueño de la noche es el sueño del día. Es el preludio del asfalto. Es la luz de tu boca en mi rima. Es el día en que te posas en mí.
A veces te echo en falta. Otras veces, relleno tu silencio. Otras veces, todavía, camino hacia ti. Y el encuentro es siempre más intenso que la búsqueda. Y la búsqueda no siempre es leve. Y el encuentro no siempre lo es todo. Y el vacío es siempre doble. Y el querer-siempre-estar-y-nunca-más-partir es siempre nuestro.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

FRAGMENTOS DE MUJERES EN PROLEG


NO CREO EN LA PHISICALIDAD DEL CUERPO

TRANSCENDENTAL ÉS LA PALABRA

NO HAY QUE SEPARARLO

EL DIVINO REFIERE EL

ANTROPOMÓRFICO

NUESTRO DIVINO ÉS CREAR

NO TENGO NINGUNA DUDA

PRESENTE ENTRE NOSOTRAS

LO QUE SOMOS

DESEO PIENSAMIENTO

DECIR SOBRE EL SER HUMANO

LIBERTAD

LO QUE HAY MÁS ALLÁ

ENCUENTRO

LENGUAJE MASCULINO

NO PODEMOS PROGRESAR

EL PROBLEMA

HABLAR

LENGUAJE DIÓS

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Escrever pra mim é isso:

Embora às vezes eu grite: nao quero mais ser eu!!! Eu me grudo em mim e inextrincavelmente forma-se uma tessitura de vida.

Fragmento de Água Viva
Clarice Lispector

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Os vencedores nao rendem poesia

Nao quero que minha verdade seja indelicadamente compreendida.
Antes uma suave incompreensao.
Um vazio diminuto.
Uma pressa perdida no caminho.

Antes o erro.
O não-dito.
O abismado.
O caminho que não foi traçado.

Antes o mar de ideias que a minha boca ainda não viu.

segunda-feira, 28 de março de 2011

A minha senhora

Eu a vejo ali. Como uma tábua palpitante. Inquieta e persistente. Ávida por chamar minha atençao a todo instante. Lembrando-me de que eu preciso dela. Ela quer que eu precise dela. E eu preciso decidir se preciso dela. E ao precisar decidir se preciso dela, eu deveria agir. Ela espera muito de mim. Ela exige que eu seja alguém especial. Ela corta minhas arestas e me empurra para um lugar desconhecido para mim. E eu preciso saber me adaptar a esse lugar. E preciso decidir se eu posso estar nesse lugar. Porque ela me deixa decidir. Ela me deixa estar onde quer que eu esteja. Mas ela nao me deixa sentir. Ela nao me dá tempo para sentir. Ela quer que eu pense e decida. Decida e faça. Que eu seja alguém que faz.

Eu nao sei onde eu estou. Eu reconheço o lugar, as pessoas, as linhas invisíveis de desejos e poderes, mas nao me vejo nessas linhas. Nao consigo alinhá-las às minhas linhas internas. O meu desejo paira em outro plano. E quando, por um breve instante, eu sinto o meu desejo coincidindo com as linhas invisíveis desse lugar estranho, me sinto ainda mais rara, porque falta alguma coisa, alguma coisa muito simples e fundamental. Alguma coisa que eu nao controlo. E eu me esforço para pensar que isso é bom e que o fato de a gente nao ter controle sobre as pessoas, o mundo e as coisas é genial e aí está toda a graça e extraordinariedade da vida. Mas daí eu me lembro que onde está toda a graça e a extraordinariedade da vida é também onde está toda a angústia e o desespero humano.

Ela continua ali. Ela se parece tanto comigo algumas vezes que eu chego a me confudir com ela. Porque sempre que ela está presente ela se parece comigo, ainda que algumas vezes se pareça mais que outras. Mas eu tenho que admitir que embora eu nutra carinho por ela, os melhores momentos da minha vida foram quando eu nao podia sentir sua presença e, por isso, nao podia identificar-me com ela. Momentos de liberdade e de leveza. Momentos no qual me conecto com o que há de mais verdadeiro em mim e em tudo que me rodeia. E o mais incrível desses momentos é que eles simplesmente são. Nao há esforço, nem dor. Nao há exigencia, nem medo. Nao há pressa. Nao há pressao. Nao há perigo. Nao há nada que se possa medir ou pensar.

Mas ela continua ali e eu preciso decidir. Eu preciso decidir se continuarei permitindo essa afronta. Se eu seguirei respondendo aos seus apelos, fortalecendo-a e a deixando controlar minha vida. NAO. Eu NAO POSSO seguir assim. NAO, senhora-consciencia-interna-duvidosa, eu NAO LHE QUERO MAIS. Nao, senhora-meio-inteligencia-interior, eu NAO POSSO MAIS com a senhora. Nao, senhora-dúvida-monstrusosa-e-radicalmente-racional, eu NAO CONSIGO VIVER COM A SUA PRESENÇA. Entao, senhora-falsa-decidida-egocentrica-insegura-mente, vá embora e feche a porta.

domingo, 27 de março de 2011

Efeito Kosmopolis 11

Eu tenho uma puta vontade de comer.
Uma puta vontade de comer tudo que eu vejo e escuto.
Uma puta vontade de estar em tudo que eu vejo e escuto.

Uma puta.
Transformar-me em uma puta.
Uma puta ideia vencida.
Coberta e sorvida.
Cortada-etéril-precisa.

Uma lima.
Amarela na América.
Verde na Europa.
Inexistente em Abril.
Em Hebreu.
Contagiosa e azeda.
Como duras patas de penas mortas.
Como o azul apagado do teu silêncio.

A lima puta.
Mercadante e periférica.
Compaginada em tantos rascunhos.
Convencida de tantas derrotas.

Arrota Cortázar.
Anota mortalha.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Revolution and Love

Acabo de voltar do primeiro dia de Kosmopolis, a festa da literatura amplificada. Una passada. A abertura do evento foi literalmente uma abertura. O organizador era argentino, o que para mim já significou muito. Sudamericanos, além de camareros, também sao organizadores de festivais internacionais em Barcelona. De puta madre.

A primeira conferencia foi de um jovem teatrólogo frances do qual nao me lembro o nome, mas lembro que gostei de suas associaçoes matemáticas-mitológicas sobre o processo criativo do artista.

A segunda atividade, uma conversa com a escritora dinamarquesa Janne Teller, nao me chegou completamente, pois Janne falava em ingles e somente havia traduçao para o catalán. Mas o que me chegou, eu gostei, e poderia resumir toda a sua fala em uma frase: the good good fiction is more real than reality.

A terceira conferencia, tao esperada por mim, foi um fracasso. Se tratava de uma suposta conversa entre o brilhante escritor escoces Ian McEwan e um intelectual catalao do qual eu nao faço ideia de quem seja e prefiro seguir na minha ignorancia, pois este conseguiu estragar a fala do grande escritor de “A praia”, que, além de nao ter tido a oportunidade de expressar suas ideias com liberdade e inteligencia, teve que escutar as tonterías ditas por este tío tan aburrido que insistia na ideia de progresso artístico, utilizando-se de argumentos como “la pintura es la arte de transformar 3 dimensiones en 2 dimensiones.” Joder! Ian McEwan nao volta mais à Barcelona.

Depois de tantas experiencias intelectuais tao distintas, nos llegó un regalo del cielo, D’BL YOUNG ANITAFRIKA, uma artista jamaicana que nao ouso enquadrar em nenhum estereótipo ou categoria. Uma mulher que vive. Uma mulher que fala. Uma mulher que canta. Uma mulher que pensa. Uma mulher que sente. E mais que tudo isso, uma mulher que sorri, e o seu sorriso transmite todas as dores e prazeres do mundo. Toda a sede por amor. Toda a fome por justiça sem violencia. Todo o calor humano. Tudo que necessitamos. Revolution and love.

terça-feira, 22 de março de 2011

Dois em um 2

Eram dois pontos a procura de uma linha.
Dois pontos desgarrados e famintos.
Dois pontos que, de repente, se queriam um.
Um ponto para preencher o peito e a cabeça.
Um ponto para amar mais a vida.
Um ponto unindo dois pombos

terça-feira, 8 de março de 2011

Cuando el amor coincide

Una reflexión a partir del texto “APRENDER A LO LARGO DE LA VIDA” DESDE EL AMOR A LA MADRE, de Remei Arnaus.

Partindo del texto de Remei (aprender a lo largo …) y de las lecturas que nos plantea el master hasta ahora me resulta casi imposible no pensar en las experiencias que viví al largo de la carrera academica. Me resulta casi imposible no reflexionar sobre mi inserción en el mundo de la educación y del trabajo que, como dice Remei, “son, también mundos de la realidad humana”.
Cuando leo y, además de asimilar, siento las palabras de Remei, percibo como compreendí mal el grupo de mujeres que he estudiado al largo de seis meses para hacer mi investigación de final de curso. Percibo como me equivoqué cuando reducí los intentos incansables de “partir de sí” de las mujeres que aman demasiado à individualismo y al que nombré como “centramento do eu”. Percibo como no he podido conectarme de verdad con estas mujeres, pues no estava disponible a esto. Porque estava muy preocupada en hacer mi investigación a partir de una mirada neutra y científica y no tenía tiempo, y tampoco interese, en reflexionar sobre mi posición como mujer investigadora que investiga otras mujeres. Mujeres que creen que aman demasiado.
A partir de lo que nos plantea Remei sobre “aprender a lo largo de la vida”, sobre el sentido verdadero de “competencias” y sobre el “estar ahí” que nos enseña Ina Praetorius, empezan a brotar muchas preguntas en mi: Es posible amar demasiado? Quales son las implicaciones al nivel social, cultural y político, al coincidir amor demasiado con dependencia amorosa? Es posible haber libertad en la dependencia amorosa? Hay una medida exata para el amor o esta sería más una de las trampas del patriarcado al intentar medir, planear, controlar, flexibilizar y instrumentalizar hasta el sentimiento más puro y pleno que tenemos. El sentimiento originalmente femenino. El amor de la madre. El sentimiento que, como nos enseña Remei, “sostiente todo”. El sentimiento en que nosotras, mujeres, somos tan competentes y listas.
No tengo respuestas a estas preguntas, pero a medida que me entran las palabras de mujeres como Remei Arnaus, Ana Maria Piussi, Ana Mañeru, Nuria Pérez y Graciela Hernandés, algo cambia en mi. Empezo a enlazar y conferir nuevos sentidos a palabras como amor, razón, saber, cuerpo, deseo, salud, femenino. Empezo a partir de mí y siento como si un peso muy grande y doloroso saliera de dentro de mí. Porque me estoy descubrindo. Porque, en cambio de la máxima filosófica de Sócrates, que ha guiado todo el pensamiento ocidental, sé que sé, es decir, en las palavras de Remei “Cuanto más libre de verdad se siente una mujer y con más sentido de si, más sabidura entraña su saber relacional porque sabe que sabe."

domingo, 6 de março de 2011

Tu em mim

A lembrança do teu último toque é tudo o que sustenta o meu corpo agora.
A lágrima que descia enquanto eu te via passar por aquela porta cinzenta e metálica, tento convertê-la em força. Tento vertê-la para mim.
O desejo de ter na minha cintura invade os meus pelos. Toma de assalto o meu tempo. Instala-se na minha rima.
O tanto que eu te quero é um tanto cheio. Um tanto maduro. Um tanto tao nosso quanto vivo. Um tanto infinito.
Lembrar da tua voz, do teu jeito, da tua cara de prazer, do teu gosto doce e salgado, das tuas palavras completas e de tudo mais que pesa e cresce, me faz querer seguir adiante. Me mostra que eu posso. Me ensina a viver contigo sem a tua presença. Me pede pra nao desistir. Me ilumina quando tudo mais quer cair. Quando tudo mais desassossega. Quando eu nao te tenho aqui. Entre minha pele e meu desejo.
Te ter dentro de mim faz toda a diferença.

sábado, 5 de março de 2011

Deseos, corrientes y vacíos

Me acuerdo del primer día en que puso la mano en su vida. Estaba empapada de deseo. Empapada de coraje. Empapada de sí. Me acuerdo también que había muchas niñas en el sitio. Ellas le miraban y le sonrían. Cogían la vida como si el peso sólamente existiera para servir lo bello. Como si todo fuera lo que se vive hoy. Contentos y contactos. Mañaneras pulidas. Vastos pasillos de lírios. Un amor que permite y sostiene. Una huella de deseos, corrientes y vacíos.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

El suyo

Un descubrimiento. Un sencillo e importante descubrimiento. Agüeros fructíferos. La sangre que baja. La niña que, al subir las escaleras, para y mira. Mira y siente. Habla desde dentro. Como si el fuera fuera lo suyo. Como si el dentro fuera lo suyo también. Y lo es. Y todo más que existe, independiente de su descubierta, sigue siendo. Y ella, limpia y lista, sigue subiendo. La prisa, la convierte en tiempo. El impulso, lo convierte en cuidado. El sol adentra en sus ventanas más profundas. En sus miedos más oscuros. Y enseña la ausencia. Hay espacio en la ausencia. Hay cuerpo en su voz.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

La primera mirada

Acabo de llegar. Acabo de llegar en mí. Al rededor, femeninos en distintos colores. Cercanías abiertas. Experiencias corrientes. La mirada de la madre. La mirada de la niña. La mirada de la mujer.

Siento una diversidad que me encanta. Una diversidad con ganas de unidad. Una alegría compartida. Una fuerza sensible y sencilla. Antiguos miedos en intensos vértigos. Paro y autoridad.

La relación se hace. La libertad se pide y se puede. El amor nace. Y con el, un sentimiento de dirección. El placer de las ideas. La seguridad de las ideas. Me gusta el amor. Me gustan las ideas. Me gusta donde estoy.


diario del primero dia de classe