segunda-feira, 3 de maio de 2010

Aspirantes do porvir

O corte lançado a poucos metros de altura remonta o presente. E povoa a frágil estrutura de um ser que se coloca no mundo. Que se coloca numa busca sem fim. Que se constrói por meio de verdades e falências. Que luta contra si mais do que contra todos. Que verte o que tem. O que pede. O que sente. O que poda.
Os percalços vêm em ondas invisíveis. Abstratas e internas, elas percorrem corredores sustenidos. Como penumbra viva em quarto fechado. Como salas de espera eternamente sem esperança. Como o vazio que externamos em suaves e correntes prestações. Como o pulsar negro do buraco que todos contêm.
No fundo, pontadas e ponteiros. Na superfície, impetuosas secreções revisitadas. No meio, uma vontade de cores. Uma certeza de formas bem preenchidas. Uma coragem corada e fincada. Nós. Emaranhados e vivos. Balanceados por fortes correntezas noturnas. Refletidos em todos os planos. Cobertos por todas as plumas. Contentes. Aspirantes do porvir.

2 comentários:

Daiane disse...

Nossa, muito bom!!! Os teus textos, escritos em português (e muito bem escritos), foram como um oásis em meio ao deserto que me encontro: comendo, bebendo, dormindo e escrevendo(tentando) em alemäo!! Excelente!!

Juliana Ben disse...

Olá Dai,
Fico muito feliz q tenha gostado dos textos. E mais feliz ainda q tenham sido "um oásis ao meio do deserto em q te encontras".
Um abraço!