De onde estava, via apenas a ponta de um pinheiro. De um verde esvoaçante sem igual. Recheado de lembranças mortas-vivas. Cercado de desejos não realizados. E de amores infindados. De tédio.
O resto, resumia-se em prédios e sujeiras. Espalhados disformemente em estreitas colunas fechadas. Fechadas para o verde. Fechadas para a fluidez. Abertas para tudo que não importa. Tudo que descentra. Tudo aquilo que forma o nada.
Os lençóis da cama alinhavam-se ao violão jogado e aos medos contidos. Não mais contidos pela aflição, e sim pela falta de calor. Pela falta de sentido. O nosso sentido. Compacto e potente. Portátil e lascivo. Esvaziado por todas as falhas que se seguiram. Por todas as manhãs de guerra. Pela minha falta de tato. Pelo teu excesso de gozo. Pela nossa maldita insatisfação permanente.
A porta da sala dançava frenética. Como se quisesse sair dali. Acompanhada pelo vento que a conduzia. Casal perfeito. Porta e vento. Pouso e tempo. Tudo que não tivemos. E que buscávamos. E que escorria cada vez que eu tentava te dizer o quanto eu ainda queria. E tu, imóvel e distante, me dizias que não mais sentia. Que de nada valeria a minha fome. A minha pinta. Tudo era cinza. E o pinheiro verde, de um esvoaçante sem igual, era o que me restava. O meu reduto.
O resto, resumia-se em prédios e sujeiras. Espalhados disformemente em estreitas colunas fechadas. Fechadas para o verde. Fechadas para a fluidez. Abertas para tudo que não importa. Tudo que descentra. Tudo aquilo que forma o nada.
Os lençóis da cama alinhavam-se ao violão jogado e aos medos contidos. Não mais contidos pela aflição, e sim pela falta de calor. Pela falta de sentido. O nosso sentido. Compacto e potente. Portátil e lascivo. Esvaziado por todas as falhas que se seguiram. Por todas as manhãs de guerra. Pela minha falta de tato. Pelo teu excesso de gozo. Pela nossa maldita insatisfação permanente.
A porta da sala dançava frenética. Como se quisesse sair dali. Acompanhada pelo vento que a conduzia. Casal perfeito. Porta e vento. Pouso e tempo. Tudo que não tivemos. E que buscávamos. E que escorria cada vez que eu tentava te dizer o quanto eu ainda queria. E tu, imóvel e distante, me dizias que não mais sentia. Que de nada valeria a minha fome. A minha pinta. Tudo era cinza. E o pinheiro verde, de um esvoaçante sem igual, era o que me restava. O meu reduto.
3 comentários:
Cântico IV
(Cecília Meireles)
Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Linda essa poesia.
E tudo a ver com o momento.
Tons
Em cada dor: uma partida.
Em cada cor: um recomeço.
Em cada tom, eu reconheço,
a eterna mudança da vida.
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