terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A partida

O corte era pesado. Lento e imperfeito. O segredo estava nele e todo o resto também. Medo. Vertigem. Tédio. Decepção. Excesso de tempo. Havia muito tempo a perder e pouco espaço. Nada mais comovia. Nem o brilho nos olhos de alguém. Nem o desejo que invade a boca. Nem a mão que convida. Ninguém. Apenas ela. Apenas ela figurava. Como um poste desgovernado que criou vida e não sabe o que fazer com ela. Como um pássaro infeliz.
Um passo em direção ao chão. Marcas na rua e na cara. Perda e força por todos os lados. Uma vontade de ser. Simplesmente ser, sabe? Uma vontade de dançar para sempre. De olhos fechados. Nunca mais caminhar. Nunca mais olhar. Nunca mais pensar. Nunca mais ficar. Partir sempre. Na ponta dos pés.

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