terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Eles

O reverso de ti é o que mais me comove quando te tenho assim, tão vulnerável e secreta. O gosto do teu quase-abraço pinga insistentemente sobre a minha cabeça. Olho, boca e nariz desalinham-se, formando um ser quase irreconhecível, porém, ainda assim, reconhecível pelo pulsar. O teu pulsar. Ágil e ofensivo. Só. Na cabeceira da cama, livros e medos. No cabide, sacolas de desespero guardadas à vácuo. No parapeito amarelo, uma vontade. Quero te deter. Quero te salvar. Quero-te inteira. Ou será que apenas te quero? Tu, móvel e distante, penteia freneticamente os cabelos, como se quisesse adentrar à cabeça. Tua mão machucada segura o cabo machucado do pente e machuca tudo ao redor. Eu, mordo o polegar direito pensando que se o amor é isso, quero experimentar outras coisas.

Nenhum comentário: