terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O querer

O tempo todo ela só queria querer. E queria tudo. Um tudo de sentidos. Um tudo simbólico. Um todo denso. Queria o mar e o frescor do corpo e da alma; o vento, e todas as folhas e sacolas plásticas que ele balança; o fogo, e a queima de arquivos passados e dolorosos; o passo; o parto; o gosto de alguém. Ela queria sentir. Com a intensidade e a curiosidade das crianças e dos filósofos, que ao se depararem com o mundo, escolhem o mundo. Ela queria subir. Uma subida que valeria mais pela própria existência de ser enquanto subida, do que pelo alvo futuro. Ela queria cantar. E fazer de todas as palavras uma só, e de todos os tons, o seu. Ela queria criar, e queria que sua criação voasse e planasse onde quer que fosse. E queria ir além. Passar por todos os cantos e todos os templos. E ser tudo e nada ao mesmo tempo.

5 comentários:

Douglas Dickel disse...

Beautiful, baby. Perfect. Let's go ahead. Magrathea!

Juliana Ben disse...

Thank you, my sweet love.

Anônimo disse...

"E ser tudo..." no exato intante em que lia, o Beto Guedes pronunciava a mesma frase.... e eu pronunciava o mesmo prazer das coisas que são ENQUANTO, sem preocupar-se com o vir-a-ser, de fato,,,,

Juliana Ben disse...

Hoje.
Agora.
Aqui.

É o que vale.

Douglas Dickel disse...

"O Reino é aqui." (Joseph Campell)