quinta-feira, 11 de setembro de 2008

As cores do fim

Um peito moído. Um peito moído de carne e sangue. Um peito tomado pelo aperto profundo. Uma dor pulsante em forma de cone. Um olhar perdido de fundo de poço.

O tênis roxo, ao pé da cama, traz o pé que faltava pra pular da cama e sair do quarto. A pasta de dente ameniza o gosto das secreções da noite. O pó compacto uniformiza a pele e deforma a cor.

Um telefonema interrompe o café da manhã e desculpa a alma. O desejo de abrir a janela e ser engolida pelo mundo torna-se latente e, então, ela se joga pra ele, quase feliz, aliviada. O barulho do corpo moído, no choque com o chão, lembra o som de um abacate gigante caindo de maduro. O sangue, antes aprisionado no peito, é liberado pela cabeça e vai ganhando uma coloração rosada ao se misturar com a chuva. O líquido rosa vai tomando a calçada até se perder em algum bueiro dessa cidade cinza.

2 comentários:

Douglas Dickel disse...

XIII. A MORTE (ou O Arcano Sem Nome)

O Arcano das Transmutações e da Vida Eterna

Significados simbólicos: Grandes transmutações e novos espaços de realização. Dominação e força. Renascimento, criação e destruição. Fatalidade irredutível. Fim necessário. Interpretações usuais na cartomancia: Fim de uma fase. Abandono de velhos hábitos. Profundidade, penetração intelectual, pensar metafísico. Discernimento severo, sabedoria drástica. Resignação, estoicismo, dom para enfrentar situações difíceis. Indiferença, desapego, desilusão.

Entre o término de um ciclo e o início de outro, existe um espaço que pode ser chamado momento de passagem ou de transformação profunda, simbolizado pelo arcano da Morte.

Existem diversos símbolos na Natureza que representam esta transição, como por exemplo, as seivas (energia vital) das plantas descem para as raízes (fundamentos) no inverno, tirando a energia das folhas e galhos, sendo um bom período para a poda dos galhos que estão mais fragilizados, que são muitas vezes aqueles que mais produziram no ultimo ciclo. Na primavera as energias voltam à expressão com toda força.

Outro símbolo é a lagarta que se transforma em borboleta. Durante o tempo de lagarta ela provoca muito mais destruição do que construção. Durante sua fase de borboleta, com sua função de polinização, ela repõe com folga o que destruiu, alem de irradiar beleza e harmonia com suas cores e ensinar a confiança radical na existência, entregando-se ao sabor do vento.

A lagosta muda de tempos em tempos de casca, quando de recolhe em uma toca, e apesar de vulnerável é quando se prepara para uma nova fase de crescimento.

Juliana Ben disse...

acertos místicos e sabedoria mítica.
amém.