A palavra proibida não lhe saía do pensamento e estaria prestes a lhe sair pela boca, se não fosse a ação das poderosas armas da civilidade. O desejo de gritar a palavra proibida, e com isso expelir todo aquele sentimento em um único jorro, era latente. Mas o bom senso cala até as mentes mais criativas. As convenções da civilidade diariamente castram e deformam artistas pouco seguros e pessoas altamente sensíveis. O elemento responsável pela “harmonia” da vida em sociedade é o mesmo que, nessas horas difíceis, segura o choro e prende toda a emoção ao coração, amassando essa densa bola de sangue e criando uma nova bola entre o esôfago e a garganta.
O medo de nunca mais conseguir sorrir pregava uma estaca no canto da boca e os olhos pesavam em longos movimentos para o chão, lugar onde se pisa, lugar escuro e linear, lugar onde ninguém quer estar. Até o subsolo é melhor que o térreo, é melhor que o chão. Há algo de misterioso e atraente no underground, virou até marca de um estilo alternativo! Mas o chão não é atraente. Ele é sujo e seco e feio. Lembra o fim. Lembra o irreversível.
Sua positividade se esvaía, como se esvai a alegria de quem sabe que todo o tempo bom da sua vida já passou. As fantasias, que outrora a entusiasmavam, nem ao menos a confortavam. Pensou que poderia viver de lembranças, de boas lembranças, mas quando se está no chão elas somem, e o passado vira um emaranhado de vivências menos ruins do que as atuais. O passado é ruim, o presente é insuportável e o futuro não existe. Podemos definir esse estado como uma grande e pentelha deprê!
Um comentário:
Bem-vinda a este mundo estranho & ambivalente (como todos os outros). Antes de qualquer coisa, é o mundo das conexões. E teu texto merece ser conectado.
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