quinta-feira, 29 de julho de 2010

Uma visão conjunta




Um castelo. Parecia um castelo de palha envelhecida. De um dourado fosco vazio e cálido. De uma grossura incomparável. Amorfa.
De lá, saíam estranhas fumaças. Envoltas por uma luz muito escura, elas não se dissipavam facilmente. Pelo contrário, eram quase estáticas. Moviam-se apenas na lateral e sua velocidade lembrava o ritmo de uma vela queimando.
No céu, sóis e luas. Morcegos e gaviões. Rasantes e mordidas. Contestações no infinito.

Desenho de Pedro Porto

terça-feira, 20 de julho de 2010

Pedro

O quente do meu peito chama o quente do teu querer.
O quente do teu querer queima a chama do meu corar.
A chama do meu corar leva o tempo do nosso estar.
O nosso estar-junto prevalesce sobre o não-estar.
O não-estar emudece.
O porto se abre.
A rima desce.
O sentimento floresce.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

quinta-feira, 15 de julho de 2010

El tiempo


"(...) El tiempo no es un objecto, sino uma idea. Se extingue en la mente."

Fragmento do texto "Os Demônios", de Fiodor Dostoievski, extraído da obra acima, de autoria de Victor Grippo.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O vôo mais alto

A partida era necessária, mas nem por isso menos penosa. Os rumores do desconhecido aprumavam-se gelatinosamente. O desejo de lá estar confundia-se com o receio de lá ficar. O receio de lá ficar mesclava-se ao anseio de cá viver. Viver para todos. Prover o máximo. Contestar o mínimo. Mastigar com gosto as sobras de tempo.
Vendável era pensar em desistir. Pensar em congelar. Convencer-se de que a-imensidão-do-que-precisa-para-sempre existe aqui e agora. Amarrar as mãos e os pés na cadeira da sala. Parar.
Mas havia ele. E com ele, havia tudo. Luz. Sentido. Prazer. Um simples olhar significava o momento. Uma breve conversa enchia a cabeça de ideias e o peito de alegria. Sim. Era ele. Era ele que provocava aquela pressa tranqüila. Aquele desejo suave e incontido. Aquela sensação de que havia tanto tempo e tão pouco tempo. Aquela coragem desmedida. Aquele preenchimento.
Apesar do amor, precisava voltar-se para si. Para ver ao longe. Planejar para planar. Planar para colher. Colher para voltar. Voltar para ele.