Um pedaço de abacate caiu no peito de um pé meu, esparramando um líquido branco e epumoso, que mais lembrava a cerração da manhã do que a polpa de uma fruta. Em busca do pé de abacate, olhei para cima, mas nada vi, além do céu laranja-anil. Quando me voltei para o chão, percebi a terra crescendo sobre mim. Cada membro do meu corpo era carinhosamente envolvido por ela. O branco do abacate grudava em minha pele, formando uma película fina entre o corpo e a terra. Já estava coberta na altura do pescoço, quando o laranja-anil do céu dera lugar ao azul acidentado por blocos de nuvens, e deles caíram densas gotas que alegraram os meus cabelos. Os fios, agora fortificados, armavam-se, como se quisessem alcançar as nuvens. Chuva cessada, nascer do verde. Folhas escuras brotavam, emaranhadas nos fios fortificados. Uma outra vida nascia.
2 comentários:
Obrigada pela visita, Juliana. Como disse anteriormente, gostei muito dos seus contos. Por eles e pelo seu comentário, vi que temos bastante em comum. O que acha de trocarmos figurinhas?
Correção: gosto dos contos e dos poemas.
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