Encorajada pela crítica de Douglas Dickel, meu namorado e grande incentivador literário, ao texto “Amor e subjetividade nas relações amorosas”, resolvi expor algumas reflexões sobre o olhar antropológico no século no XXI e sobre a dificuldade que esta jovem ciência – a antropologia – encontra em trabalhar com a interdisciplinaridade. Essa dificuldade, vista pela academia como virtude, no sentido de não se deixar levar por categorias e estereótipos criados por outras áreas do conhecimento, é interpretada por muitos como arrogância e prepotência. Sendo assim, me proponho a colocar a antropologia como objeto de estudo antropológico e apontar caminhos para que ela seja considerada uma ciência tão importante como o são a biologia e a psicologia.
A antropologia é uma área do conhecimento muito recente se comparada com a história, com a filosofia ou com a biologia. Dentro das próprias ciências sociais ela é a caçula, sendo ainda menos reconhecida que suas irmãs, chamadas sociologia e ciência política. O primeiro grande antropólogo reconhecido mundialmente foi Lévi-Strauss e seu primeiro livro, As estruturas elementares do parentesco, data da década de 30 do século passado. Logo, a antropologia propriamente dita não tem 80 anos de existência.
Essa jovem ciência, como a maioria dos jovens, precisa de auto-afirmação para se desenvolver, precisa de ousadia e determinação para conseguir o seu lugar ao sol. Assim como o movimento feminista precisou de radicalismos para conseguir o direito à igualdade entre homens e mulheres, a antropologia precisa de um pouco de presunção para se afirmar como ciência fundamental na dissolução dos grandes problemas sociais da atualidade. Quase sempre precisamos almejar muito para conseguir um pouco, precisamos ir além para chegar onde de fato gostaríamos de estar.
No entanto, isso não quer dizer que a antropologia não possa dialogar com outras áreas e ganhar muito com isso. Penso que a antropologia, embora seja uma ciência independente, deve muito à sociologia (sua mãe) e à filosofia (sua avó) e tem muito a crescer no encontro com a educação, com a psicologia e até mesmo com a biologia. No mundo capitalista e globalizado em que vivemos torna-se cada vez mais necessária a interdisciplinaridade, na medida em que uma única área do conhecimento não consegue dar conta da realidade mais micro, pois os contatos e as relações são tão velozes, instantâneos e efêmeros que só a partir da união de muitos olhares podem ser interpretados.
A perspectiva interdisciplinar enriquece e engrandece os mais variados estudos, mas também pode facilmente cair na superficialidade e no senso comum. Para que isso não aconteça, a vigilância epistemológica deve ser constante, ou seja, no caso da antropologia, ao dissertar sobre um dado objeto de pesquisa devemos partir do olhar antropológico, permitindo-nos sim ser tangenciados por outros olhares que venham a contribuir com o debate proposto, mas sempre atentando para o objetivo central do nosso trabalho. Essa consideração é fundamental, pois se a pesquisa não tiver foco, ou mostrar muitos pontos de vista sem aprofundá-los não contribuirá para a transformação de nenhuma realidade.
A antropologia é uma área do conhecimento muito recente se comparada com a história, com a filosofia ou com a biologia. Dentro das próprias ciências sociais ela é a caçula, sendo ainda menos reconhecida que suas irmãs, chamadas sociologia e ciência política. O primeiro grande antropólogo reconhecido mundialmente foi Lévi-Strauss e seu primeiro livro, As estruturas elementares do parentesco, data da década de 30 do século passado. Logo, a antropologia propriamente dita não tem 80 anos de existência.
Essa jovem ciência, como a maioria dos jovens, precisa de auto-afirmação para se desenvolver, precisa de ousadia e determinação para conseguir o seu lugar ao sol. Assim como o movimento feminista precisou de radicalismos para conseguir o direito à igualdade entre homens e mulheres, a antropologia precisa de um pouco de presunção para se afirmar como ciência fundamental na dissolução dos grandes problemas sociais da atualidade. Quase sempre precisamos almejar muito para conseguir um pouco, precisamos ir além para chegar onde de fato gostaríamos de estar.
No entanto, isso não quer dizer que a antropologia não possa dialogar com outras áreas e ganhar muito com isso. Penso que a antropologia, embora seja uma ciência independente, deve muito à sociologia (sua mãe) e à filosofia (sua avó) e tem muito a crescer no encontro com a educação, com a psicologia e até mesmo com a biologia. No mundo capitalista e globalizado em que vivemos torna-se cada vez mais necessária a interdisciplinaridade, na medida em que uma única área do conhecimento não consegue dar conta da realidade mais micro, pois os contatos e as relações são tão velozes, instantâneos e efêmeros que só a partir da união de muitos olhares podem ser interpretados.
A perspectiva interdisciplinar enriquece e engrandece os mais variados estudos, mas também pode facilmente cair na superficialidade e no senso comum. Para que isso não aconteça, a vigilância epistemológica deve ser constante, ou seja, no caso da antropologia, ao dissertar sobre um dado objeto de pesquisa devemos partir do olhar antropológico, permitindo-nos sim ser tangenciados por outros olhares que venham a contribuir com o debate proposto, mas sempre atentando para o objetivo central do nosso trabalho. Essa consideração é fundamental, pois se a pesquisa não tiver foco, ou mostrar muitos pontos de vista sem aprofundá-los não contribuirá para a transformação de nenhuma realidade.
Por fim, defendo que a antropologia surge com o objetivo de compreender o homem em sociedade, o homem como um ser cultural, racional, emocional e social. Para isso, nós antropólogos, nos aprofundamos nas diferenças – muitas vezes produtoras de desigualdades – entre os indivíduos numa mesma cultura e em culturas distintas, com o intuito de apreender a extraordinária diversidade cultural do nosso planeta e tentar transformar alguns padrões através do pensamento crítico.