sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Novos e velhos ventos

Tenho uma memória consideravelmente falhada, mas lembro com riqueza de detalhes dos prazeres e desprazeres de festas de fim-de-ano. Sempre as associei com clima tropical, frutas da estação, hipocrisia cristã, pessoas próximas e queridas e, principalmente, com o aconchego do lar. É estranho como a noção de lar se amplia quando estamos em outro continente. Lar agora é Brasil. É América Latina. É Oceano Atlântico.
Hoje é dia 31 de dezembro e eu não estou com calor. No meu entorno, pessoas dormem, fumam, desayunan, baixam videos do youtube, fotografam, saem, voltam, riem. Pessoas próximas, mas distantes. Pessoas queridas, mas desconhecidas.
Olho pela sacada e vejo centenas de turistas. A cidade está tomada. Todos em busca do novo. Congelando instantes em aparatos tecnológicos de 50 euros. Consumindo. Presumindo. Reproduzindo. Ya está. Buena onda. Hasta ahora. Adiós.
Começo a entender um pouco melhor os catalanes. Como se não bastasse o fato de invadir a tua cidade, essa gente nem ao menos fala a tua língua! Joder! No somos españoles, somos catalanes, vale?
É... nem só de flores é feita uma Barcelona. É feita também de xenofobia, de um consumismo exacerbado, de uma pobreza crescente - ainda que incoparável com a nossa -, de uma sensação de desplazamiento. De uma saudade que corta, mas que também alimenta. Alimenta uma força interior. Uma força que a gente só descobre que tem quando precisa dela.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Pierdas y piedras

Las piedras que cargo

Son el tejido de un corazón putrefacto

Un corazón que hace falta

Un corazón lleno y tumbado

Coro de pierdas vecinas

Agüeros de seda

Trozos de manzana dulce

Todo que reluce

Todo que tras relucir

Baja y hiere

Y calla

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Lágrimas negras

Belezas são coisas acesas por dentro.
Tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento.

Interpretada por Gal Costa

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Vanguardia

"El piensamento transfeminista, a su vez, quiere transcribir las voces de todas las minorias - sexuales, raciales y economicas - que no son invitadas al baile del capitalismo blanco y primermundista, silenciadas a diario por el heteropatriarcado dominante."


Culturals La Vanguardia
01 de deciembre de 2010

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O novo do bem

Alguma coisa nela estava diferente. Alguma coisa no jeito em que ela me pegou. Um cisco parado no olho. Uma lágrima pra dentro. Um alargamento nas faces superiores. Uma beleza que eu nunca tinha visto. Toques chamuscados. Semblantes enrubescidos. Verdes e mouros. Claros azuis em intensas fuligens. Um inusitado “nós” surgia. E eu gosto quando as coisas surgem.