Tempo de estar só
A verdade descia como um rio. Larga e galopante. O corpo estirado apresentava sinais de indiferença. O assoalho vermelho não mais conduzia. Pernas e braços compassavam vazios, enquanto o denso olhar dele vertia para ela. Vertia em suor. Em poder.
Artigos cotidianos, ele trazia. Respostas suaves, ela continha. Coragem na porta. Medo na esquina. Planos no fundo. O descontentamento deles era um só. O oco do peito, também. O sentido do que não há mais sentido era visceralmente sentido, e tudo que ali não estava, em algum outro lugar havia.
A mais tácita das perguntas tornava-se invasiva, criando um desconforto entre a bílis e a laringe. Ela queria pedir a ele para não pedir. Ele queria pedir a ela que pedisse. Um queria pedir ao outro o que não poderia dar a si mesmo, e os pedidos que coexistiam naquela sala borrada, permaneceriam ali, como o tempo queria.